Agroflorestação: Outro jeito de fazer agricultura no Semi-Arido

sábado, 12 de setembro de 2009

Monocultura de Arvores contra o Efeito Estufa????



O protocólo de Kyoto é um acordo internacional muito controvérso. Ele foi fundamentado em uma premissa de neoliberal de que o mercado seria capaz de resolver a questão das emissões de GEE. Construido por delegações governamentais (científicas e diplomáticas), excluiu a participação popular na sua discussão e não depende desta para acontecer. Constituiu um mercado financeiro voltado para o Clima, e que visa atrair investidores através do objetivo final que é o Lucro obtido da negociação dos Créditos de Carbono (CER e IJ) e de quotas de emissão (através do sistema de Comercio de Metas). O acordo dividiu o mundo inicialmente em 2 partes, uma chamada de Países do Anexo 1, e outra, todos os demais, os chamados Não-anexo1.

Os principais mecanismos estabelecidos pelo acordo de Kyoto só incluem os Países do Anexo 1. Assim como só os mesmos países tem metas de redução de emissões. A maior parte dos países, assim como a maior parte da população mundial, ficaram de fora dos mecanismos de comercio direto de metas de redução, que curiosamente movimentam a imensa maioria dos recursos. Deste mercado bilionário, que alcançou em 2007 cerca de U$ 60 bilhões, apenas algumas centenas de milhões correspondem aos recursos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. E este mecanismo é o único que atinge hoje os países Não-Anexo1.

Então este acordo permite que grandes corporações privadas ou governamentais do Anexo 1 (que inclui a União Européia, Canadá, Japão e outros países ricos) comprem os créditos de Carbono originados de projetos de redução, sequestro ou substituição de fontes de energia "sujas" por "limpas" nos países Não Anexo1 (o famoso terceiro mundo, atalmente mascarado de Países Emergentes e países em Desenvolvimento, incluindo a países pertencentes ao antigo pacto de Varsóvia e Ex-União Soviética) e continuem a poluir sem com base nisso.
O tipo de Sequestro de Carbono que estes recursos tem financiado excuem pequenas projetos sociais, iniciativas agroflorestais, recuperação de áreas degradadas e projetos de desmatamento evitado, dando total preferencia a financiar grandes monocultivos voltados para produção de polpa de celulóse para a produção de papel.


Plantio de Eucalipto é Floresta?


As consequencias disso são gravíssimas. Enquanto as comunidades de trabalhadores nos países ricos se vem a beira de derrota nas suas lutas e mobilizações históricas contra a poluição e outros aspectos da economia monopolista concorrencial dominada por grandes interesses corporativos, as comunidades do terceiro mundo padecem com a homogeneização da paisagem, destruição de recursos naturais como a água, ameaças à bens coeletivos como a biodiversidade, erosão e finalmente a concentração das terras em torno de interesses corporativos e práticas ilicitas por parte de grandes empresas de papel e celulose. Uma coisa ruim financiando outra coisa ruim. Isso faz com que as lutas de movimentos sociais e questionamentos academicos a este tipo de atividade tradicionalmente criticadas ganhem um reforço e respaldo de quem lida com a questão climática com seriedade e independencia. Neste blog existem links na seção Lenha na Fogueira que permitem acessar diretamente movimentos e grupos voltados para vigiar e divulgar estes problemas gravissimos.



Agroflorestação parteII

Agroflorestação: parteIII

Agroflorestação: parte IV