Agroflorestação: Outro jeito de fazer agricultura no Semi-Arido

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Agrofloresta Urbana é desmatada e dá lugar à Estacionamento

Agrofloresta não precisa de lugares enormes para ser sustentável. Um quintal agroflorestal pode fornecer alimentos saudáveis e diversificados ao longo do ano. Além disso abriga e sustenta a vida em todos os sentidos. Os pássaros, principalmente são atraídos pelo sistema, ajudando no controle de insetos e outros invertebrados que apesar disso já estão em equilíbrio por causa da diversidade. O micro-clima criado pelo dossel estratificado ajuda na melhoria do conforto para o ser humano também, ajudando a diminuir a incidência de problemas de saúde. Se bem conduzido o sistema, mesmo em pequenas áreas, pode gerar renda direta, através da venda de artesanato ou de frutas, mudas e sementes, e renda indireta através do fornecimento de alimentos, remédios e outros benefícios que custariam dinheiro para obter no mercado.



Quintal Agroflorestal Urbano:
Tradição Ameaçada


Qual o desenvolvimento que se quer? Ao apoiar de fato a prática do manejo agroflorestal dos espaços públicos e privados, inclusive em áreas urbanas, os governos estariam diminuindo diversos problemas de uso da terra. Se fossem cadastrados e apoiados, os cidadãos que já praticam este uso da terra se tornariam imediatamente referencias dentro de suas comunidades tanto em termos de proteção dos recursos naturais quanto em termos de conhecimentos de técnicas e acessos genéticos sem preço para a sociedade do futuro. Tudo isso de maneira comprometida em todas as escalas de tempo, seja a curto prazo, seja a logo prazo. Ou seja, um quintal agroflorestal deve ser algo estimulado, visitado pelas escolas e turistas, valorizado. Os serviços ambientais como estocagem e seqüestro de carbono, suporte à vida, e absorção e retenção de água deveriam ser estimados, reconhecidos e apoiados através de incentivos fiscais e outros mecanismos.

Estacionamento Sustentável?

Apesar de em muitos lugares e situações, muito neste sentido estar acontecendo, através de iniciativas como esta aqui representada, a correnteza contrária é muito mais veloz. Cada vez mais pessoas acabam sucumbindo ao imediatismo, tanto de maneira espontânea quanto de maneira forçada. O caso aqui mostrado é emblemático, transformar um quintal agroflorestal urbano em estacionamento não é complicado apenas por liberar o CO2 todo acumulado e desperdiçar todo o potencial de serviços ambientais e econômicos diretos e indiretos. Mais do que isso, simboliza uma opção social voltada para o insustentável, para uma cidade e sociedade baseada no consumo, com deficiência do poder público (afinal, á cidade deve se adequar ao carro ou o carro deve se submeter à cidade?) e despreocupada com o verdadeiro bem estar.
Por favor reflita sobre este assunto. E se quiser ajudar o nosso trabalho ou quiser que a compensação do carbono do seu cotidiano ajude a fortalecer quem quer fazer agrofloresta para viver, entre em contato@ipesa.org.br.

sábado, 12 de setembro de 2009

Monocultura de Arvores contra o Efeito Estufa????



O protocólo de Kyoto é um acordo internacional muito controvérso. Ele foi fundamentado em uma premissa de neoliberal de que o mercado seria capaz de resolver a questão das emissões de GEE. Construido por delegações governamentais (científicas e diplomáticas), excluiu a participação popular na sua discussão e não depende desta para acontecer. Constituiu um mercado financeiro voltado para o Clima, e que visa atrair investidores através do objetivo final que é o Lucro obtido da negociação dos Créditos de Carbono (CER e IJ) e de quotas de emissão (através do sistema de Comercio de Metas). O acordo dividiu o mundo inicialmente em 2 partes, uma chamada de Países do Anexo 1, e outra, todos os demais, os chamados Não-anexo1.

Os principais mecanismos estabelecidos pelo acordo de Kyoto só incluem os Países do Anexo 1. Assim como só os mesmos países tem metas de redução de emissões. A maior parte dos países, assim como a maior parte da população mundial, ficaram de fora dos mecanismos de comercio direto de metas de redução, que curiosamente movimentam a imensa maioria dos recursos. Deste mercado bilionário, que alcançou em 2007 cerca de U$ 60 bilhões, apenas algumas centenas de milhões correspondem aos recursos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. E este mecanismo é o único que atinge hoje os países Não-Anexo1.

Então este acordo permite que grandes corporações privadas ou governamentais do Anexo 1 (que inclui a União Européia, Canadá, Japão e outros países ricos) comprem os créditos de Carbono originados de projetos de redução, sequestro ou substituição de fontes de energia "sujas" por "limpas" nos países Não Anexo1 (o famoso terceiro mundo, atalmente mascarado de Países Emergentes e países em Desenvolvimento, incluindo a países pertencentes ao antigo pacto de Varsóvia e Ex-União Soviética) e continuem a poluir sem com base nisso.
O tipo de Sequestro de Carbono que estes recursos tem financiado excuem pequenas projetos sociais, iniciativas agroflorestais, recuperação de áreas degradadas e projetos de desmatamento evitado, dando total preferencia a financiar grandes monocultivos voltados para produção de polpa de celulóse para a produção de papel.


Plantio de Eucalipto é Floresta?


As consequencias disso são gravíssimas. Enquanto as comunidades de trabalhadores nos países ricos se vem a beira de derrota nas suas lutas e mobilizações históricas contra a poluição e outros aspectos da economia monopolista concorrencial dominada por grandes interesses corporativos, as comunidades do terceiro mundo padecem com a homogeneização da paisagem, destruição de recursos naturais como a água, ameaças à bens coeletivos como a biodiversidade, erosão e finalmente a concentração das terras em torno de interesses corporativos e práticas ilicitas por parte de grandes empresas de papel e celulose. Uma coisa ruim financiando outra coisa ruim. Isso faz com que as lutas de movimentos sociais e questionamentos academicos a este tipo de atividade tradicionalmente criticadas ganhem um reforço e respaldo de quem lida com a questão climática com seriedade e independencia. Neste blog existem links na seção Lenha na Fogueira que permitem acessar diretamente movimentos e grupos voltados para vigiar e divulgar estes problemas gravissimos.



domingo, 30 de agosto de 2009

Por que sequestrar Carbono?

O sequestro de Carbono é uma das atividades centrais no trabalho do, vulgarmente chamado, "projeto co2 reciclado". Portanto é preciso aproveitar este canal de comunicação para tentar acrescentar elementos tanto explicativos quanto justificativas sobre o assunto.
Caminhando pelo Blog, na sessão da leitura obrigatória, existe um link para o artigo "Floram e o Desenvolvimento Sustentável" de autoria do Prof. Ab' Saber, onde existe uma argumentação muito interessante que serve de base para este projeto e muitos outros ao redor do mundo. De forma resumida, o artigo mostra que as emissões, tanto as já realizadas quanto as emissões correntes, precisam ter seu impacto aliviado. Esse alívio, ou mitigação, permite, em tese, que haja um tempo maior para uma conversão mais efetiva dos processos sociais rumo à tecnologias de baixa emissão, principalmente através da substituição da matriz energética baseada em combustíveis de orígem fóssil por tecnologias renováveis.
A base das propostas de mitigação dos Impactos Climáticos é o processo de sequestro de carbono através da fixação biológica do carbono em tecidos vivos de árvores em crescimento. Ou seja, o sequestro de carbono se baseia no ciclo natural das plantas. Ele se baseia no processo da fotossíntese no qual as plantas transformam energia solar em energia e tecidos vivos. Isso envolve reações físico-quimicas, tendo como matrizes água (H2O) e gás carbonico (CO2), que resultam em liberação de Oxigenio (O2) e retenção de Carbono (C) em diferentes formas e compostos úteis à planta.
As árvores, em especial, conseguem acumular nos seus organismos uma quantia significativa deste carbono, principalmente em forma de compostos de lignina que formam a maior parte do seu corpo de modo relativamente durável, ao contrário de outros tipos de plantas, onde há pouca duração dos tecidos, como, por exemplo, um alface. Com isso uma árvore acumula ou retém ao crescer uma quantia de CO2 do ar no seu corpo. Além disso, as interações de suas raízes com o solo, a queda de suas folhas ajuda a construir ambientes favoráveis à vida no solo, causando mudanças na estrutura do mesmo. Estas mudanças provocam o acúmulo de Carbono no solo, tanto em forma viva (minhocas, bacterias, fungos e tantos outros), quanto na forma de compostos e soluções.
O artigo foi publicado em 1996, explica e apresenta uma proposta que foi elaborada a partir de 1988, a proposta do Projeto Floram. O cenário de então já parecia requerer medidas daquela magnitude. De lá pra cá muito mudou para pior. Apesar de realmente ter havido significativos avanços científicos voltados para a substituição e para a redução de emissões de maneira geral (inclusive avanços na conscientização do público sobre o assunto), não se trata exclusivamente de uma questão técnica, mas sobretudo política e econômica. Isso ressalta a importância crescente de ampliar os esforços de sequestro de carbono que tenham atrelados a estes encaminhamentos de desenvolvimento socioambiental.
Você pode fazer parte disso! Compensando suas emissões você está ajudando a otimizar um trabalho em andamento! Escreva para contato@ipesa.org.br e tenha seu CO2 Reciclado.
Este assunto é vasto e logo voltaremos a ele.
Agradecemos sua visita e volte sempre!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

As emissões de Gases de Efeito Estufa por país

Os mapas a seguir são muito interessantes, mesmo tendo alguns problemas. Não possuem Escala Gráfica, e não dispõe de uma legenda bem feita. Têm uma interessante qualidade por serem distribuidos gratuita e livremente.
Este tipo de mapas apresentam um tipo de linguagem que associa cada cor a um grupo de valores (neste caso toneladas de CO2e/ano). Infelizmente a legenda não permite verificar com facilidade os valores da maioria das cores. Isso tem que ser feito a partir da barra de cores abaixo do mapa que aparenta ser proporcional aos valores referidos. A distribuição de cores no histograma referido (que é o nome deste tipo de legenda usada nos dois exemplos relativos ao ano 2000 aqui postados) transmite que a maioria dos grupos de valores ou seja a maioria das cores envolvidas ocupam uma parte muito restrita. Enquanto isso os maiores valores que ocupam de fato a metade do histograma. Isso quer dizer que a linguagem de cores/valores indica que a diferença entre os tons que representam menor emissão é muito grande em relação aos dois grupos que representam as maiores emissões. O valor do grupo de cores de maior emissão ocupa a metade do histograma, no entanto o valor de seu unico representante no mapa de emissões totais de 2000 está no extremo do histograma.
Nos dois mapas de 2000, a leitura é intuitiva, quanto mais quentes as cores maiores são os vallores de CO2e (com esta ressalva acima fazendo com que apesar da escolha de cores passar linearmente a noção de maior e menor não garantem uma visualização da proporção em que isso ocorre). Já no mapa de 2008, a percepção dos valores deve ser no sentido contrário, uma vez que os maiores valores são mais proximos do violeta e do azul, ou seja a ordem de cores neste caso foi escolhida pelo autor de maneira invertida.
Salvo estes problemas os mapas são ferramentas uteis para ampliarmos a discussão acerca da questão desta crise socioambiental de escala mundial. Infelizmente não pudemos (ainda) disponibilizar um mapa de emissões per capita para o ano de 2008. Mas assim que pudermos editaremos este junto com o de 2000 aqui postado, para que o leitor possa comparar sem ter muito trabalho.

No mapa de emissões mundiais por país (ano 2000), não há como se enganar sobre quem é o maior lançador de gases, os Estados Unidos. A legenda consegue mostrar com precisão as 6,469 Gigatoneladas (ou seja, 6.469.000.000 Toneladas) de CO2e que os Estados Unidos lançavam na atmosfera anualmente por volta do ano 2000. Outro fenômeno que chama a atenção é a distribuição dos países em verde ou amarelo claro pegando toda a África, o leste da europa, asia central e grande parte da america latina. Os ditos países emergentes de então, principalmente o Brasil, Índia, México, China e Indonésia superando ou equiparando-se em emissões alguns países desenvolvidos, como a Austrália, Canadá, Alemanha, Russia, França e outros.

Mapa Mundi
emissões mundiais de CO2 equivalente por país
ano 2000



No mapa de 2008 grandes mudanças aparecem, os maiores poluidores deste mapa de 2008 são a China e os EUA isolados na cor relativa à "acima de 5 bilhões de Toneladas". Num segundo grupo aparecem a Russia e a Índia. A terceira classe de cores, mostra um aumento relativo da Austrália, Africa do Sul, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Polônia, Espanha, França e Itália. E muitos outros países mostram aumentos significativos nas emissões totais de gases de efeito estufa.

Mapa Mundi
emissões mundiais de CO2 equivalente por país
ano 2008



Analisando este mapa especificamente aparece um fato que não se pode deixar de ressaltar, que é o numero diminuto de países em vermelho, que com raras e surpreendentes exceções (Botsuana, Malasia e Guiana) são todos países desenvolvidos (Japão, Russia, Australia, Canadá, Alemanha, EUA e Inglaterra). Outra coisa que chama a atenção é que observando os dois mapas de 2000 e comparando-os alguns países que aparecem em cores intermediarias (tons amarelados, e alaranjados significando emissões "médias") no mapa de emissões por país, mudam para vermelho ou laranja, significando altas emissões no mapa de emissões per capita. Outro fenomeno semelhante mas em sentido oposto ocorre com alguns países com grandes emissões totais, como a China e a Índia (Laranja Forte no mapa de emissões por país), possuem baixissimas emissões por habitante (ver mapa).


Mapa Mundi
Emissões Per Capita de CO2equivalente Por País

2000


As conclusões diretas da análise destes mapas mostram que:

- as emissões da maioria dos países aumentou durante a ultima década.

- As emissões não são proporcionais ao número de habitantes.

- Políticamente falando, a responsabilidade sobre a maioria das emissões recentes recai sobre um número reduzido de pessoas no planeta.

Este é um assunto dificil de esgotar, por isso logo retomaremos do ponto em que paramos.

Nossa equipe agradece sua visita. Volte Sempre.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O que é Agrofloresta?


Agrofloresta é um termo que tem varios significados. Em muitos usos simplesmente quer dizer "plantio de especies florestais pelo homem" (o que causa confusão com a ideia de monoculturas de árvores). Não é definitivamente este o assunto a que esta postagem se refere. Aproximando-se do sentido pretendido chega-se a conclusão que agroflorestas são vários tipos de plantio onde há a presença de especies florestais, mas que de alguma forma, ou no tempo ou no espaço, ou ainda em ambos, estes plantios tem outras especies de carater não florestal. As possibilidades dentro do conceito são tão amplas que faz-se necessário buscar definições adicionais para cada tipo de agrofloresta ou padrão de manejo agroflorestal. Podem ser chamados também de agrossilvicultura, existindo ainda o termo agrossilvipastoril.



O Diagrama criado pelo analog forestry network para comparar diferentes usos da terra (acima) mostra um pouco a diferença de definição na língua inglesa para várias modalidades de agrofloresta


Os sistemas podem ser sequenciais, como no caso da agricultura itinerante tradicional. Baseada no uso agrícola temporário de terras recém desflorestadas seguido de um longo pousio no qual a floresta reaparece. A sucessão florestal acontece naturalmente durante o pousio e a área aos poucos passa por transformações graduais no seu funcionamento ecológico. O desenvolvimento das capoeiras rumo à matas secundárias ocorre paralelamente ao desenvolvimento do solo, que por sua vez associado a ciclagem de nutrientes, o que acaba proporcionando a recuperação de seus atributos naturais de fertilidade, estrutura e estabilidade. Este tipo de agrofloresta foi usado por milenios e ainda hoje exerce papel importante em algumas regiões, principalmente na Amazônia. Mas atualmente não só aparecem experiencias bem sucedidas que ajudam a superar este paradigma mas também carecem áreas florestais onde seja possivel esta pratica, tanto por questões legais em locais ainda florestados quanto por ausencia de floresta resultado da história de conversão massiva de uso da terra. Por isso a extensão rural alternativa e a assistencia técnica agroecológica tem focado em formas de fomentar o uso de áreas degradadas como cenario para as agroflorestas espaciais, onde as diferentes espécies dos diferentes grupos sucessionais se misturem no espaço ao mesmo tempo.

Neste sentido existem inúmeros tipos de sistemas agroflorestais. As versões tradicionais relativamente dispersas pelo mundo tropical, entretanto em com o componente florestal relativamente contido, são principalmente representadas pelos quintais agroflorestais, nos quais intuitivamente se pratica a policultura de uso multiplo, e pelos sistemas silvopastoris tradicionais, por vezes até sobrepostos aos anteriores. Já os sistemas agroflorestais funcionais, um tanto condicionados à presença de produtos de grande aceitação no mercado, apresentam diferentes espécies de árvores colocadas em benefício de culturas econômicas. Estas incluem o café sombreado com leguminosas, os sistemas cabruca usados na produção cacaueira e de maneira inversa os plantios de espécies temporárias (por exemplo o milho, feijão, mandioca, abóbora e etc.) introduzidos para diminuir o custo de plantio de espécies arbóreas, principalmente madeiras para corte ou de areas de restauração florestal (chamados Taungya). Existem os silvipastoris tecnificados que exibem pastos sombreados com especies adubadoras ou com especies de uso economico, cumprindo a função de sombreamento e aumentando o potencial de geração de renda por unidade de área. Estendendo-se um pouco pode-se até considerar que o uso de cercas vivas arboreas ou quebra-ventos pode ser manejados de forma agroflorestal.




Quintal agroflorestal tradicional no planalto de Ibiúna:


Banana com árvores pioneiras da floresta.



As Agroflorestas mais complexas são aquelas que podem ser chamadas genericamente de Agroflorestas Sucessionais, pois apresentam como padrão um caminho de complexificação crescente ao longo do tempo. Ainda assim existem diferentes tipos e nomes, entre eles os Sistemas Agroflorestais Biodiversos e os Sistemas Agroflorestais Regenerativos Análogos. Em inglês o termo para estes sistemas seria Analog Forestry. Com a natureza como guia, a sustentabilidade e o equilíbrio ambiental se ampliam de maneira proporcional à complexidade do sistema. Por isso existem grandes distancias entre os tipos mais simples de sistemas agroflorestais (não eliminando seus méritos relativos à suas determinadas finalidades) para os mais complexos. Estes mesmos tipos simplificados podem apresentar variações mais complexas e sustentáveis quando construidos e manejados com maior diversidade de especies.



Agrofloresta Sucessional Biodiversa da Família Ferreira, Parati, RJ, Brasil:

Qualidade de Vida, Segurança Alimentar, Geração de Renda e Conservação da Natureza

O trabalho dentro do que se chama agrofloresta análoga ou sucessional, parte de um principio de observação da natureza. Por isso, mesmo em biomas diferentes onde não há floresta natural propriamente dita, sempre há referencias onde encontrar a maior complexidade e diversidade de interações entre os organismos, e deste conjunto com o meio físico (sua distribuição e caracteristica de seus condicionantes naturais dentro de cada paisagem). Assim, mesmo em uma área como a Caatinga, com um clima proprio e alta biodiversidade de espécies adaptadas ou endêmicas, os princípios de analogia ao sistema natural permitem criar um sistema produtivo, diversificado e integrado à paisagem, como mostram inúmeros exemplos nos sertões do nordeste do Brasil.



Os diferentes sistemas agroflorestais são formas altamente sustentáveis de sequestrar o CO2e. Propiciam também diversificar a produção de alimentos, sem aumentar a área produtiva. Possibilitam o acesso a produtos florestais (nativos ou não) sem representar perdas para os ecossistemas naturais. Tem o potencial de aumentar a renda diretamente, mas certamente aumentam a renda indiretamente, por representarem diminuição da necessidade de aporte externo.

Além dos diferentes parametros que podem mudar positivamente com a sua prática, ainda representa uma chance para o resgate da auto-estima e o reconhecimento do papel do agricultor familiar como protagonista da sua produção e guardião dos recursos naturais. Mudam inclusive a forma com que os agricultores se relacionam com a natureza de maneira geral, o que aumenta a chance de sobrevivencia de paisagens naturais inseridas no mozaico territorial rural. A extensão rural e/ou Assistencia Técnica agroecológicas possibilitam rediscutir as politicas tanto ambientais quanto agricolas de uma só vez e ajudam na luta pela discussão da cidadania no campo.

Transforme suas emissões de gases de efeito estufa em oportunidade de desenvolvimento sustentável na construção de um mundo mais feliz. Seja você também CO2 Reciclado (contato@ipesa.org.br).

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Qual o seu impacto na Atmosfera?

A preocupação com seu Impacto Climático deve ser aproveitada para refletir sobre sua vida cotidiana. O trabalho, a casa, o transporte, a disposição dos resíduos, e muitos outros aspectos podem ser entendidos como focos de emissões de gases. O transporte é mais facilmente associado a emissão de gases, mas quase tudo que cerca a vida moderna, no campo ou na cidade envolve emissões diarias.
O ser humano emite gases de efeito estufa de maneira direta ou indireta. As emissões diretas são causadas através do uso de energia e na decomposição dos resíduos. As emissões indiretas decorrem da utilização de objetos, ferramentas e produtos que consomem energia na sua fabricação e transporte. Em muitas atividades e produtos este uso de energia está mascarado, escondendo por vezes o que, sob um ponto de vista mais critico, é um verdadeiro problema climatico. Infelizmente estes problemas cercam cada vez mais a vida dos cidadãos do mundo. As coisas que podiam ser feitas anteriormente com materias primas locais, como roupas, casas e até partes importantes da alimentação diária, tem sido globalmente substituidas por outras que por sua vez tem que ser produzidas a partir de materiais distantes, muitas vezes em fabricas ineficientes no uso energetico, transportadas por longas distancias, para depois serem usadas e descartadas...


É preocupante e INSUSTENTÁVEL!

Mas o que o cidadão pode fazer, preocupado que está com o futuro do planeta e as próximas gerações?



Antes de mais nada, se preocupar em reduzir o seu impacto é um ótimo começo. Existem inumeras coisas a fazer, e algumas requerem mudanças mais lentas. Por exemplo na questão dos transportes. O cidadão, após uma rapida reflexão, pode facilmente concluir que em termos de transporte tem ao seu alcance medidas que podem reduzir o seu possivel impacto. Ao caminhar mais quando a distancia é curta, utilizar transportes públicos, andar de bicicleta, planejar os caminhos, fazer manutenção do seu veículo (ou da sua frota de veículos, se o cidadão é um gerente de transportes de alguma empresa) ou praticar caronas solidárias aquele mesmo combustível pode render mais. Se o combustível rende mais, isso quer dizer que deixa de gastar uma parte do combustível para fazer a mesma coisa. Consequentemente polui menos a atmosfera do planeta. Ou seja, se todo mundo fizer todas estas medidas, o resultado será uma sensível redução nas emissões.


Se você por acaso refletiu sobre suas emissões e a partir de agora vai se esforçar para reduzi-las, isso é uma ótima noticia para o planeta. Tomara que as pessoas que o cerquem aprendam com você. Ainda assim somos obrigados a alertar que a redução não resolve completamente o problema, nem muito menos diminuem o que você emitiu antes da tomada de consciencia.


Por isso entre em contato conosco e descubra as vantagens de fazer a compensação socioambiental das suas emissões. Quem quiser compensar as suas emissões atuais ou passadas, entre em contato através do blog ou mandando um e-mail para contato@ipesa.org.br com o título, "Eu Quero ser CO2 Reciclado!"

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

AQUECIMENTO GLOBAL, O VILÃO DO SÉCULO XXI

O Aquecimento Global é algo muito temido, porém pouco entendido. Hoje toda sorte de danos provocados à sociedade e a sua organização espacial por meio de agentes ou fatores naturais são colocados na esteira dos problemas ligados às mudanças climáticas. O problema já é de tal maneira de domínio publico que a maioria dos projetos que alegam reduzir, retardar ou reverter os impactos desta catástrofe anunciada são extremamente bem vistos.
Não foi a primeira vez que a sociedade mundial foi aterrorizada por um problema de escala atmosférica. O então famoso Buraco na Camada de Ozônio era uma terrível amostra do impacto das atividades industriais na natureza. Descoberto em meados da década de 1980, provocou reação extremamente significativa na opinião publica, ajudando com isso a questão ambiental e os movimentos ambientalistas a ganhar credibilidade, notoriedade e respeito. Outra reação foi uma conferência mundial sobre o tema que deu origem ao Protocolo de Montreal de 1987, quando foi estabelecido um cronograma de metas para substituição total dos CFCs[1], causadores do problema. Momento oportuno para ressaltar que a maioria dos CFCs foram de fato substituídos por CHFCs[2].
Na mesma época, em 1988, dois órgãos da ONU, a Organização Meteorológica Mundial e o Programa da ONU para o Meio Ambiente, iniciaram o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (conhecido pela sigla em inglês IPCC[3]). O problema, que já era tratado na esfera acadêmica há décadas (Ayoade, 1996), então começou gradualmente a assumir uma agenda política.
O considerável sucesso do primeiro caso citado, direcionou os trabalhos do IPCC. Importantes protocolos foram criados estabelecendo metas de redução no aumento das emissões de gases. O Protocolo de Kyoto, a reunião de Johanesburgo (Rio+10), e as cada vez mais concorridas reuniões do IPCC foram gradualmente se tornando momentos políticos importantíssimos no mundo pós Guerra-Fria. No entanto, a facilidade de consenso vista no Protocolo de Montreal não se repetira mais. Houve relutância dos principais poluidores bem como uma evidente cisão entre propostas dos países pobres em relação à dos países ricos, tornando os resultados práticos de todos os protocolos e relatórios inalcançáveis nos prazos estabelecidos.
Tamanha notoriedade e exposição não foi acompanhada pela difusão da base científica do problema dando margem a apropriação errônea quanto a sua natureza e polêmica que à cerca. Os trabalhos de previsão dos efeitos e eventuais críticas a estes trabalhos foram priorizados na mídia enquanto foram negligenciadas as informações sobre a metodologia e a conotação política de alguns relatórios. Aos louváveis esforços do IPCC misturam-se confusas relações políticas internacionais que impedem alguns documentos finais de conterem exatamente os resultados da discussão científica, e isso se deve ao fato de que para alguns países desenvolvidos a delegação no encontro tem um caráter ambíguo: científico, mas ao mesmo tempo diplomático.
É posição do IPESA manter uma distância crítica quanto às previsões numéricas referentes a quantos graus aumentará a temperatura da Terra nas próximas décadas. O mesmo em relação a quanto deve aumentar o nível do mar e sobre se vai ficar mais seco ou não e outras conjecturas semelhantes. Com relação a outras posturas, como as preconizadas por Hansen (2006) de que o planeta nas próximas décadas viverá as maiores temperaturas e níveis do mar dos últimos 3 milhões de anos, o IPESA entendemos que isso contraria diversos trabalhos científicos como os de Suguio (1977; 1999) e Almeida (2004) e toda uma linha científica de investigação que mostra como dentro da mesma escala de tempo houve significativa variação paleoclimática. Foram descritas épocas mais quentes com nível do mar alguns metros acima do atual, bem como com climas bem mais frios com níveis do mar muito mais baixos do que o atual.
O IPESA pressupõe que nos últimos 300 anos a composição da atmosfera está mudando através do aumento constante e cada vez mais acelerado na concentração de gases de efeito estufa (Ab’Saber et alli., 1996; Ayoade, 1996; Drew, 1983; Souza et alli., 2005). As atividades humanas, especialmente as ligadas ao modo de produção industrial e a transformação maciça da paisagem pela agricultura de mercado e urbanização, são as causas deste aumento contínuo na concentração de gases e na diminuição da capacidade natural do planeta se ajustar a esta condição (Smic, 1971, Ab’Saber et alli., 1996; Ayoade, 1996; Drew, 1983; Souza et alli., 2005; IPCC, 2006). O aumento contínuo da área total envolvida de forma direta pela economia de mercado representa crescentes danos e perdas à qualidade ambiental, aos biomas naturais e à biodiversidade vitais ao amortecimento da poluição lançada à atmosfera e à reprodução cultural das comunidades destes dependentes (Ab’Saber et al, 1996). O desequilíbrio ambiental decorrente das atividades citadas já afeta a qualidade de vida da maior parte da população terrestre e tende a piorar nas próximas décadas (IPCC, 2006).



O Clima é um conceito que resulta da observação das seqüências de tempo (weather). Por definição, aplica-se o conceito de ritmo ao de clima pressupondo, portanto, que é variável (Monteiro, 1991). Já que a composição de gases da atmosfera e a distribuição dos fenômenos na superfície terrestre interferem no balanço energético da atmosfera. Quaisquer alterações nesta composição e na distribuição e tipo de cobertura da superfície terrestre afetam este balanço. Mudança Climática é um tema redundante em termos do estudo do Clima. Entendemos que o conceito correto é o de Impacto Climático decorrente das Ações Humanas (Monteiro, 1991; Ayoade, 1996).
É de extrema importância reiterar que o desenvolvimento das atividades humanas, causadoras de Impactos Climáticos, é, como processo histórico, responsável também pela atual má distribuição de renda, insegurança alimentar, migrações e conflitos sociais que hoje afetam bilhões de pessoas (Harvey, 1990). Este é um processo contínuo historicamente que está em franco crescimento através do aprofundamento e reprodução das relações sociais de maneira cada vez mais abrangente no espaço (Santos, 2000). O desequilíbrio ambiental que causa impactos no funcionamento do clima global é na verdade um problema social e suas conseqüências têm impactos de extensão imprevisível no tempo e no espaço.
[1] Gáses c


onhecidos como CloroFluorCarbonos.
[2] Gases conhecidos como CloroHidroFluorCarbonos.
[3] Intergovernment Panel on Climate Change.

Agroflorestação parteII

Agroflorestação: parteIII

Agroflorestação: parte IV